Há uma semana venho acompanhando a rotina - se é que é possível usar esse termo - de uma campanha política numa cidade interiorana. Achei que esse "diário" podia ser um bom termômetro para se pensar o que acontece no país atualmente. Mas, sinceramente, não sei bem como avaliar tudo que vivi nesses últimos dias. O primeiro impacto foi certamente provocado pela quantidade exacerbada de reuniões que tivemos. Reunião com os coordenadores da campanha, as lideranças, os meios de comunicação locais, os candidatos e finalmente o marqueteiro (o que provocaria as reações mais violentas dos meus amigos de Ciências Sociais). Somado a isso, a falta de organização do lugar: nada de mesa, computador, internet ou linhas telefônicas. Pensei: "Meu Deus, o que estou fazendo aqui"? Cada coisa necessária para a produção do programa - que diga-se de passagem, já estava sendo feita com atraso - tinha que passar por outra série de reuniões para pecorrer todos os trâmites burocráticos do partido. Enfim, era preciso "tirar roçado da cinza" para fazer a coisa acontecer. Mas, ela não só aconteceu como me inspirou pessoalmente. Sem os meios disponíveis para realizar o trabalho de uma forma razóavel, foi a paixão pela política que deu forma ao material que produzimos. E quando digo "paixão pela política" não estou usando só uma força de expressão. Apesar de todo o ceticismo que tenho em relação ao contexto político que vivemos, foi impressionante ver que ainda existem pessoas capazes de dar o sangue por aquilo que acreditam. De encontrar formas de vivenciar a militância que, apesar de muitas vezes vir acompanhado de um discurso ingênuo sobre a realidade, traz para si a responsabilidade de um 'fazer político'. De um ser político. É certo que numa cidade pequena os vínculos com o partido, a religião ou entre os grupos é muito maior. Mas, independente das ideologias que estavam em jogo, a participação popular nesse processo foi realmente emocionante. Ver centenas de pessoas tomarem uma praça - que até então estava deserta - num dia frio e chuvoso para gravar um vedioclipe em apoio ao candidato não me surpreendeu tanto quanto vê-las devotamente participando de todo o processo de campanha, sem pedir remuneração, vantagens ou algum tipo de barganha. Ficava me pergutando se elas realmente acreditavam em tudo que estavam vivenciando e não demorei muito para perceber que sim, elas simplesmente acreditam. Apesar da maioria das pessoas estarem alheias (e nisso eu me incluo) ao blá blá blá dos políticos de carteirinha, alguns cidadãos simplesmente não esperam mais. Elas fazem tudo acontecer.
P.S:. Ah, e para quem possa interessar: o video ficou maravilhoso!!!
P.S:. Ah, e para quem possa interessar: o video ficou maravilhoso!!!
Um comentário:
Que bom, querida. Aproveite o doce suspiro da ideologia de grupo. beijo.
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