O teatro da Galeria Olido é amplo e aconchegante. As luzes se apagam. Duas bailarinas e um bailarino estão no palco quando a iluminação retorna. A densidade do silêncio se desenrola em volumes, sustentada pela música singela. O espetáculo de Sandro Borelli, "Produto Perecível", é singelo e tocante. Estou encantada com a percepção do tempo que os bailarinos comunicam, suave e circular, contínuo. São emanações do contato silencioso e atento. A música sustenta os grandes movimentos, e tudo volta para o chão, onde a conversação silenciosa se desenrola. O movimento finda com a sensação de continuidade, tudo muito tranqüilo.
Armando Aurich sobe ao palco para apresentar sua coreografia. Dou-me conta do meu fascínio pela dança. Não apenas pela possibilidade de lançar-me no espaço em busca de percepções multidimensionais do movimento, mas também pelo que ela comunica quando sou espectadora. Em poucos minutos o bailarino comunica diferentes estados psíquicos, intensamente e claramente. Seus movimentos são ao mesmo tempo intensos e contidos. São de uma expansão profunda, é todo o seu ser que se movimenta, sua mente e corpo e não apenas seus aparelho locomotor. Estou fascinada com a energia que está no ar, integradora e obstinada.
2 Reflexos é o último espetáculo da noite, de Mariana Muniz. As duas bailarinas comunicacam a incomunicabilidade, a fragmentação dos gestos e a busca cega pelos sentidos de si. O figurino é pesado, e vai organizando os movimentos assumindo uma quase nudez. Janelas surgem em imagens aos fundos, é a própria cidade que está nos corpos e seu movimento.
Os espetáculos saíram de cartaz ontem (domingo 31 de agosto). Contudo, fiquei tão tocada e o desejo de expressá-lo em palavras foi tão grande que não resisti.
http://www.youtube.com/watch?v=z_iknXgC30c
foto de Silvia Machado em http://www.baledacidade.com.br/coreografias/meta-sensorias.asp
Um comentário:
Querida,
Me tranportei pra lá contigo. Gosto tanto desse blog...
Beijos.
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